sábado, agosto 18, 2001

 
(((Restaurante a quilo "capricha" na gordura para ganhar no peso)))
Por Maria Pia Palermo

SÃO PAULO (Reuters) - Os restaurantes de comida a quilo, que parecem aliviar
o bolso, acabam pesando na balança e na saúde das pessoas, mostra um estudo
feito nesses estabelecimentos pela Universidade de São Paulo (USP). A
pesquisa constatou um consumo médio de 42 por cento de gordura por pessoa,
quando o indicado fica entre 25 e 30 por cento.

Segundo a autora do estudo, Edeli Simioni de Abreu, do Departamento de
Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP, as análises em laboratório
dos alimentos mostraram que os vilões do quilo são as massas, com muito
molho (especialmente branco), queijo e recheio, as carnes, muitas vezes
empanadas e com molho também, e as frituras.

"Como eles (proprietários) ganham por peso, os alimentos têm uma densidade
grande", disse na sexta-feira a pesquisadora, acrescentando que o teor de
gordura e calórico das massas era maior do que o normal. O mesmo não foi
constatado no caso do arroz, feijão e batata frita, porque não há muita
possibilidade de se incrementar na preparação.

"É a pior forma de venda para o consumidor porque ele acredita que escolhe o
que vai comer, mas na verdade ele come o que o restaurante determina."

A única adequação encontrada pelo estudo, no que se refere aos alimentos
oferecidos nos restaurantes, foi em relação às fibras, uma vez que esse tipo
de estabelecimento dispõe de uma quantidade grande de saladas e porque as
pessoas também optam por alguns itens que pesam pouco.

O estudo constatou ainda inadequação no que se refere às calorias ingeridas,
chegando a 1.400 por pessoa em média, quando aconselhável numa refeição como
o almoço fica entre 800 e 900 calorias. Isso, explica Torres, deve-se ao
excesso de gordura, que tem mais calorias do que carboidratos e proteínas, o
que acaba aumentando a o valor calórico do prato.

Entre os carboidratos e proteínas também houve desequilíbrio. Os
carboidratos, segundo ela, representavam 42 por cento do alimento consumido,
quando devem chegar de 50 a 60 por cento da refeição, uma vez que deveria
ser a base da alimentação. Isso é motivado por uma avaliação do custo do que
vai para a balança. "Ninguém elege o carboidrato, que é muito barato em
casa, num restaurante por quilo. Você não vai querer pagar 20 reais hoje por
um quilo de arroz com feijão", argumenta.

"O cliente paga muito caro por uma alimentação completamente
desequilibrada", diz. "O problema do excesso de gordura não é só estético, é
de saúde pública, pois a gordura em excesso, além da obesidade, leva ao
colesterol alto, pode provocar alguns tipos de câncer, entre outros
problemas."

Durante uma semana, foram avaliados quatro restaurantes de um grupo de 20
selecionados em São Paulo. Dois mais baratos, com preço médio de 11,65
reais, e os outros mais caros, onde o quilo valia 15,50 reais.

Todo o processo de elaboração da comida foi analisado, desde a saída dos
ingredientes do estoque até a venda. Para fazer essa avaliação, dividiu-se
os nutrientes dos ingredientes usados pelo número de refeições servidas.

Segundo a literatura especializada, diz a nutricionista, a entrada dos
restaurantes que vendem comida por quilo no Brasil ocorreu em meados dos
anos 80.

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