sexta-feira, setembro 28, 2001

 

(((Festa da cultura negra no Peru faz sucesso com picadinho de gato)))

da Reuters, em La Quebrada (Peru)

No meio da praça central da cidade de La Quebrada, no Peru, uma cozinheira refoga cebola, alho e pimenta vermelha na panela onde prepara um quitute local que algumas pessoas vêm de longe para saborear: picadinho de gato.

"É gostoso mesmo", diz Ada Torres, 21, que acaba de devorar um prato de torresmo de gato. Várias crianças à sua volta lambem os dedos, e adultos fazem fila para experimentar o prato.

Todo ano a cidade de La Quebrada, situada numa antiga fazenda 140 quilômetros ao sul de Lima (capital), se agita com a festa de Santa Ifigênia, que celebra a dança, música e culinária da população negra peruana.

O picadinho de gato não é o único destaque da festa, mas talvez seja seu aspecto mais estranho, diz seu organizador, Sábio Canas.

"Queremos mostrar aos negros e às pessoas de todas as raças que nós, aqui em La Quebrada, somos descendentes de escravos e temos uma santa negra. É por isso que fazemos uma grande festança", disse Canas, presidente de uma associação de arte e cultura negra.

Cerca de 70% dos 26 milhões de peruanos têm ascendência indígena, e os negros formam uma minoria muito pequena no país. Quase todos, segundo Canas, descendem dos escravos africanos trazidos ao país na época colonial para trabalhar nas fazendas de algodão.

A festa de Santa Ifigênia, uma das poucas santas negras adoradas no país, inclui cantos e danças nos ritmos negros que são famosos no país andino.

Segundo Canas, a tradição do consumo da carne felina se deve ao pragmatismo culinário da época, em que faltava comida para os escravos nas fazendas de algodão. Para muitos turistas, a carne de gato tem sabor de coelho.

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