terça-feira, maio 28, 2002

 

(( A diferença entre humanos e outras espécies está em saber cozinhar ))

Natalie Angier, do New York Times

28/05/2002

Entre todas as culturas da Terra, nada do que vale a pena fazer é mais bem feito que o jantar. Traga um assado, um pão quente e uma fatia de torta de limão, e diferenças podem ser resolvidas, pactos selados, amores revelados. Nem os condenados querem deixar este mundo sem uma última ceia realmente divina.

Na visão de Richard W. Wrangham, professor de antropologia em Harvard, a preparação e degustação social de comida são tão importantes não experiência humana que as artes culinárias pode ser o que colocou nós, humanos, em primeiro lugar.

Wrangham, que é renomado por seus estudos de chimpanzés, e da agressividade masculina em geral, propõe que o uso de fogo para cozinhar pode ter sido iniciado há quase 2 milhões de anos, 1,5 milhão de anos antes que o concebido. Ele também sugere que a habilidade de cozinhar pode explicar uma série de características dos hominídeos, incluindo um cérebro grande, dentes pequenos, uma relativa modesta da diferença de tamanhos, ou o dimorfirsmo sexual, entre os homens e as mulheres, e uma tendência a se unir em casais e viver assim por muito mais tempo que a maioria dos primatas.

A teoria incitou um tipo de batalha por comida entre antropólogos, com alguns ridicularizando-na como "mal-passada" e causando "um caso de indigestão". Mas outros brindam à sua ousadia.

"Sinto uma verdadeira harmonia em muitos de seus argumentos", disse Kristin Hawkes, antropóloga da Universidade de Utah. "É tão bom ter algumas idéias alternativas ao conhecimento convencional".

Mas C. Loring Brace, antropólogo da Universidade de Michigan, argumentou que não havia boas evidências de que o ato de cozinhar tinha mais que 250 mil anos, e que muitas das mudanças na linhagem dos hominídeos que Wrangham atribui à descoberta da possibilidade de cozinhar são explicadas muito melhor pelas melhorias na tecnologia da caça.

Wrangham inicialmente apresentou a teoria na edição de dezembro de 1999 da Current Anthropology, em uma matéria escrita com James Holland Jones, David Pilbeam e NancyLou Conklin-Brittain de Harvard e Greg Laden da Universidade de Minnesota.

Wrangham admitiu que não há "arma para acender fogo" entre os restos escassos dos ancestrais da humanidade - nada relacionado à evidência encontrada em sítios arqueológicos relativamente recentes de locais muito usados para fogueiras, com suas pilhas carbonizadas de ossos de animais tostados. Ele observa, porem, que a maioria dos locais de fogueiras usados por ancestrais que caçavam e se reuniam são locais pequenos e transitórios, que não deixariam uma marca forte com o passar de milhões de anos.

Direto ao ponto, ele afirma que muitos especialistas não conseguiram avaliar que a principal diferença alimentar entre humanos e outras espécies: eles comem cru; nós gostamos de comida quente.

"Não há registro em nenhum lugar de uma pessoa que tenha vivido sem cozinhar", disse ele.

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