segunda-feira, dezembro 02, 2002
(( Sequestradores dormem, e refém foge ))
da Folha de S.Paulo
do Agora
O comerciante L.F., 30, sequestrado na última sexta-feira na avenida Pedro Pinho, em Osasco (Grande São Paulo), fugiu do cativeiro na manhã de ontem enquanto dois de seus sequestradores dormiam.
Ele disse ter sido espancado durante quase todo o tempo em que esteve como refém num casebre inacabado na favela do Parque Parada de Taipas (zona norte de São Paulo), para onde foi levado em um carro cuja marca ele afirma não lembrar.
L.F. apresentava várias escoriações no rosto e nos braços e mancava muito. Ele disse que os criminosos entraram em contato por três vezes com a família dele, pedindo US$ 300 mil de resgate.
Para fugir, por volta das 6h de ontem, L.F. disse ter subido uma pequena escada que levava para os fundos do casebre, encravado no morro. Abriu a porta, andou alguns metros e pediu ajuda a um motorista de lotação, que o levou até o 74º DP (Parada de Taipas), a cerca de três quilômetros do local.
Momentos depois, uma equipe da Polícia Militar foi enviada ao cativeiro. Um policial que se identificou como cabo Azevedo contou que, após arrombar a porta, trocou tiros com o sequestrador Thiago da Silva Carneiro, 18, que tentou escapar pela mesma escada usada pelo refém. Nos fundos do casebre, outros dois policiais aguardavam Carneiro e houve nova troca de tiros. O sequestrador foi alvejado no tórax e no peito e morreu.
Ainda no cativeiro, os policiais prenderam a menor S.R.F., 17, que seria a namorada de Carneiro. Ela denunciou Ricardo Ribeiro Novaes, 19, e a polícia encontrou em frente à casa dele, no Jardim Damasceno (zona norte), a moto que o comerciante usava na noite do sequestro. Novaes foi preso e indiciado por extorsão mediante sequestro.
O advogado de Novaes, que não quis se identificar, disse ontem que seu cliente não participou do sequestro. Segundo ele, a moto da vítima foi encontrada "nas proximidades" da casa de Novaes.
O advogado afirma que tentará hoje libertar Novaes, que está detido no 74º DP.
Sequestro relâmpago
O comerciante L.F. contou que já havia sido vítima de um sequestro relâmpago em outubro passado. "Eu vou embora de São Paulo, não dá mais para morar aqui", disse o comerciante, que trabalha no ramo de autopeças.
Ontem, no cativeiro da favela do Parque Parada Taipas, havia vários lençóis sujos e alguns cigarros de maconha, além de manchas de sangue no chão.