quarta-feira, abril 02, 2003

 

(( Cientistas criam computador que "presta atenção" no usuário ))

FRANCISCO MADUREIRA
editor de Informática e Ciência da Folha Online

Seu chefe pediu um relatório para daqui uma hora e você não pode tirar os olhos do editor de texto. Mas não pára de chegar e-mail, aquele seu amigo chato quer conversar pelo ICQ e a janelinha do prazo de validade do antivírus salta a toda hora na tela.

Diante da difícil tarefa de se concentrar diante dos inúmeros estímulos de um computador, cientistas norte-americanos querem criar recursos que percebam o ritmo do usuário e consigam interrompê-lo somente em momentos adequados. O sistema já tem nome: AUI (sigla em inglês para Attentive User Interface, ou "Interface de Usuário Atenciosa").

"O estilo de vida digital atualmente possui o desagradável efeito colateral de bombardear as pessoas com mensagens o tempo todo, sem se preocupar se elas querem ou podem respondê-las", explica Roel Vertegaal, diretor do Human Media Lab na Queen's University (EUA) e coordenador da pequisa, que tem colaboração de centros da IBM e da Microsoft.

PC de olho

Vertegaal e sua equipe estão desenvolvendo aparelhos que podem determinar o grau de atenção do usuário e avaliam a importância das mensagens emitidas pelo PC em relação ao que você está fazendo. O computador então decide o momento certo para interromper as suas tarefas.

Divulgação

O sistema AUI em ação: ele "vigia" os olhos do usuário para detectar seu grau de concentração


Para descobrir quão concentrado você está, uma câmera detecta primeiro sua presença e, em seguida, se você está olhando para o computador. Em seguida, ela "vigia" o movimento dos olhos e, depois de brincar com algumas expressões matemáticas, calcula se deve interromper (ou não) o seu trabalho.

Além do computador

Mas a "cortesia cibernética" deve ir além dos computadores.

Telefones celulares, por exemplo, podem ganhar sensores que descobrem quando o usuário está conversando com outra pessoa e muda automaticamente suas configurações para vibrar em vez de tocar a campaínha.

O telefone fixo também ganha novos recursos: com o AUI, uma ligação pode ser feita ao você simplesmente olhar para a foto de um de seus contatos, exposta no painel do aparelho.

A boa e velha televisão também ganha recursos "atenciosos" --quando percebe que não há ninguém assistindo TV, o aparelho desliga a si mesmo automaticamente.

"Precisamos de computadores e aparelhos que percebam quando estamos ocupados e saibam esperar por sua vez para interromper, assim como fazemos em interações com outros seres humanos", explica Vertegaal. "O computador está passando de simples ferramenta a um aparelho 'sociável', que pode reconhecer e responder às dicas não-verbais que os humanos dão."

Na próxima semana, Vertegaal e um grupo de estudantes da Queen's apresentará o sistema durante a ACM CHI 2003, conferência sobre fatores humanos em computadores que acontece em Fort Lauderdale, na Flórida (EUA).

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