sábado, junho 14, 2003
O Vírus é o Lobo do Homem
Por Alessandro Bender - ale@umacentral.com.br
"You are the disease, and I´m the cure" - Sylvester Stallone in "Cobra"
Estamos comendo uns aos outros.
Nossos ancestrais, aqueles que são mais frágeis que nós, hoje se vingam através da natureza.
Aquilo que parecia que era finalmente veio a ser oficialmente, através da pesquisa que primatólogos desenvolveram sobre o surgimento do HIV.
Como alguns sabem, o HIV é uma mutação do SIV, uma síndrome de imunodeficiência dos chimpanzés. Há algum tempo soubemos que a mutação aconteceu a partir do contato do homem com o chimpanzé, quer seja através do sangue, quer seja se alimentando da carne destes primatas. Mas como o chimpanzé adquiriu esta doença? De onde ela veio?
A descoberta surpreende pela simplicidade: Os chimpanzés adquiriram a doença ao caçarem e comerem a carne de outros macacos menores.
Assim, os homens comem os chimpanzés, que comem os macacos.
Mas a ordem transgressiva do vírus é ao contrário. Os macacos, imunes a doença, transmitem aos chimpanzés, que a transmitem aos homens. Muito parecido com uma vingança da natureza, um refluxo evolutivo: O mais fraco morre, mas contamina o mais forte.
Se traçarmos um paralelo deste "efeito refluxo" com nossa sociedade contemporânea, o que poderemos deduzir? Quais são as lições que isto pode nos trazer?
Jung dizia que o Império Romano não foi destruído pelas invasões bárbaras, nem pelo declínio econômico, mas sim pelo excesso de escravos. Roma cai no momento em que os homens livres são minoria, e predomina o pensamento e o espírito do homem escravizado, subjugado.
Será que nossa sociedade hoje não irá padecer do mesmo problema? Será que a massa de excluídos não é quem determina o pensamento vigente em nosso habitat?
Da mesma maneira que o vírus do macaco hoje ataca os homens, qual será o "vírus comportamental" dos excluídos que irá atacar os poucos "homens livres" que transitam hoje pelo mundo?
Será que o declínio da sociedade como conhecemos hoje não começará (se já não começou) justamente pelo nosso canibalismo evolutivo, que faz com que comamos os mais fracos?
Será que não estamos semeando, dia-a-dia, o próprio vírus que irá nos assolar?
Por Alessandro Bender - ale@umacentral.com.br
"You are the disease, and I´m the cure" - Sylvester Stallone in "Cobra"
Estamos comendo uns aos outros.
Nossos ancestrais, aqueles que são mais frágeis que nós, hoje se vingam através da natureza.
Aquilo que parecia que era finalmente veio a ser oficialmente, através da pesquisa que primatólogos desenvolveram sobre o surgimento do HIV.
Como alguns sabem, o HIV é uma mutação do SIV, uma síndrome de imunodeficiência dos chimpanzés. Há algum tempo soubemos que a mutação aconteceu a partir do contato do homem com o chimpanzé, quer seja através do sangue, quer seja se alimentando da carne destes primatas. Mas como o chimpanzé adquiriu esta doença? De onde ela veio?
A descoberta surpreende pela simplicidade: Os chimpanzés adquiriram a doença ao caçarem e comerem a carne de outros macacos menores.
Assim, os homens comem os chimpanzés, que comem os macacos.
Mas a ordem transgressiva do vírus é ao contrário. Os macacos, imunes a doença, transmitem aos chimpanzés, que a transmitem aos homens. Muito parecido com uma vingança da natureza, um refluxo evolutivo: O mais fraco morre, mas contamina o mais forte.
Se traçarmos um paralelo deste "efeito refluxo" com nossa sociedade contemporânea, o que poderemos deduzir? Quais são as lições que isto pode nos trazer?
Jung dizia que o Império Romano não foi destruído pelas invasões bárbaras, nem pelo declínio econômico, mas sim pelo excesso de escravos. Roma cai no momento em que os homens livres são minoria, e predomina o pensamento e o espírito do homem escravizado, subjugado.
Será que nossa sociedade hoje não irá padecer do mesmo problema? Será que a massa de excluídos não é quem determina o pensamento vigente em nosso habitat?
Da mesma maneira que o vírus do macaco hoje ataca os homens, qual será o "vírus comportamental" dos excluídos que irá atacar os poucos "homens livres" que transitam hoje pelo mundo?
Será que o declínio da sociedade como conhecemos hoje não começará (se já não começou) justamente pelo nosso canibalismo evolutivo, que faz com que comamos os mais fracos?
Será que não estamos semeando, dia-a-dia, o próprio vírus que irá nos assolar?