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Ministro ganhou relógio de deputado e o doou ao Fome Zero; Caixa descobriu falsificação

Aliado presenteou Dirceu com Rolex falso
Folha - DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Casa Civil, José Dirceu, levou um baita susto na semana passada. Foi informado pela Caixa Econômica Federal que era uma "cópia" o relógio Rolex que recebera de presente do deputado José Carlos Martinez (PTB-PR) e que doara ao programa Fome Zero. Em bom português, uma falsificação do famoso e caríssimo relógio.
O ministro ficou contrariado. O Rolex já lhe rendera tremenda dor de cabeça. A amigos, contou que, quando o ganhou, num jantar promovido por Martinez no começo do ano, foi dormir tarde e se esqueceu da proibição do código de ética do governo federal. Só o doou um dia depois.
Autoridades como Dirceu estão impedidas de receber brindes superiores a R$ 100. Há algumas exceções para o presidente. Pelo código, se superior a R$ 100, o presente deve ser devolvido ou doado ao patrimônio da União.
Imediatamente, Dirceu telefonou para Martinez e contou que a Caixa, que avalia objetos de valor doados ao governo, diagnosticara a falsidade de um relógio.
"Martinez, te enganaram. O Rolex que você me deu de presente é falso", afirmou o ministro, segundo relato do próprio Martinez. O deputado, que é presidente do PTB, um dos partidos da base do governo Lula, pediu "mil desculpas" e se prontificou a providenciar "um novo Rolex para o Fome Zero".
Na versão de Martinez, ele comprou o relógio de um amigo em novembro do ano passado, por R$ 5.000. A Folha insistiu para que o deputado revelasse a identidade do vendedor, mas ele se recusou: "É uma pessoa sem importância, lá do Paraná. Estou chateado. Você conhece o ditado: "Quem compra mal, paga duas vezes'", justificou-se.
Após a conversa com Dirceu, Martinez disse que foi "a maior joalheria de Curitiba, representante da Rolex", e comprou um novo por R$ 12 mil. "E o relógio falsificado, deputado?", indagou a Folha. "Fiquei tão chateado que joguei no mato."